Dos 20 aos 30

Aos 21 anos me casei com o Rodi, na igreja Cristo Rei, o vestido era da tia Orietta, que ela fez para a formatura do meu pai. Dentre os meus padrinhos de casamento tinham amigos da turma, primos e bailarinos da Cia. A Ana Botafogo foi uma delas. A festa foi no Clube Thalia.
Compramos um terreno no final de Santa Felicidade, e como não tinha água nem luz tivemos que mandar cavar um poço e instalar um gerador para energia elétrica. Não havia muro e eu ajudei a pintar o telhado da casa.

Casa em Santa Felicidade, Rua das Hortências , nº 29
Vestida de Noiva

Um novo diretor assume a Cia, Eric Valdo juntamente com Eliana Caminhada, ambos vindo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Revesava  alguns papéis com a Ana Botafogo e com a Eliana. Lembro de um ensaio no palco do Guairão em que nós três ensaiamos ao mesmo tempo o dueto "Águas Primaveris". Eric Valdo ficou pouco tempo, mas deixou grandes aprendizados.

"Homenagem a Patápio" com Robi e coreografia de Erik Valdo

Em seguida entra como diretor o português Carlos Trincheiras, que iria muda toda a estrutura da Cia. contratando mais bailarinos, criando hierarquias, tabelas de horários, staff técnico e convidando outros coreógrafos e professores para trabalhar conosco.
Ele tinha uma energia impressionante, e um dia ele me chamou na sua sala e me informou que eu seria promovida a primeira bailarina. Saí de lá feliz mas assustada com a responsabilidade. Pensei em como seria importante eu ser um exemplo para as novas gerações, não somente como artista mas principalmente como pessoa.

"Dimitriana" com Jair Moraes e coreografia de Carlos Trincheiras



Tão logo fui promovida eu fiquei grávida. Foi um susto, e eu então resolvi falar com o Trincheiras e informá-lo. Bati na porta da sala dele e quando ele abriu eu disse: "Seu Trincheiras eu tenho algo para lhe dizer". E ele respondeu: "Greca, pois, estás grávida?" Eu fiz que sim com a cabeça e ele então diz: "Mais que beleza, vais ver que serás melhor mulher e melhor bailarina".




Dancei "Petrouchka" grávida de cinco meses



 

Eu com quase 09 meses de gestação e mesmo grávida fazia os Natais do Lar dos Meninos do Xaxim. Eram umas 80 crianças. Levávamos para eles presentes, Papai Noel e lanche.

Nasce o Guilherme no dia 28 de novembro de 1980, um polaquinho meigo e miudinho. Fizemos o batizado dele em Matinhos junto com as crianças do litoral. Marilis e Jorge foram seus padrinhos.


Assim que o Gui completou 03 meses, eu precisava voltar ao trabalho. Coloquei-o numa escolinha  maternal que tinha no caminho do teatro. Com exceção da minha mãe, o restante da família não entendia eu ter optado por deixá-lo na escola em tempo integral. Mas como morávamos longe eu não tinha muita opção.

A Cia trabalhava 08 horas por dia, inclusive aos sábados. Como tinhamos muitas viagens foi ficando cada vez mais dificil administrar a distância do trabalho com a nossa casa em Sta. Felicidade. Então eu e o Rodi decidimos comprar um apartamento, no centro da cidade, entre o Teatro Guaira e o Passeio Público.

"Opus V" com Jair Moraes e coreografia de Maurice Béjart

Muitas vezes nas apresentações, eu tinha que levar o Gui para o teatro e o deixava dormindo no meu camarim. E enquanto eu me apresentava as bailarinas faziam rodízio para vigiá-lo e ver se estava tudo bem. Pareciam fadinhas, com aqueles figurinos de balé clássico.

Em uma das minhas férias do Guaíra, fui para Nova York, meu inglês não era muito bom, mas dava para me virar. Fiz aulas no Joffrey Ballet e fiquei hospedada no pensionato do Exercito da Salvação.
Adorei a cidade e tudo o que eu vi e aprendi por lá foi muito importante.

Desde o início como profissional na Cia, eu me envolvi com a luta por melhorias da nossa profissão. Foram anos de embates com as diretorias do teatro, com os mais diversos secretários de cultura e governos estaduais. Chamávamos a imprensa, fazíamos manifestações nas apresentações e até greve. Agíamos junto ao nosso sindicato de artistas, outras vezes como representantes dos bailarinos. Chegou a haver situações em que quase fui demitida.
Comecei a ter muitas oportunidades nas coreografias, fazendo praticamente todos os papéis principais.

"O Trono" com Jair Moraes, coreografia de Carlos Trincheiras

"O Quebra Nozes"


Assistam ao vídeo do dueto da Fada Açucarada, do balé "O Quebra-Nozes", com Jair Moraes, primeiro bailarino da Cia.

Gui, eu e Rodi



Participação especial do Gui no prólogo no "O Quebra Nozes". Ao lado de Martha Nejm e Zézinho.

De todas as obras criadas para o Ballet Guaira nesta época a mais marcante foi "O Grande Circo Místico". 

Um trabalho criado exclusivamente para a Cia, onde é contada uma história de uma familia de circo. Eramos mais de cinquenta bailarinos, além de toda a equipe técnica do teatro e da produção.
Ficamos mais de quinze anos dançando este espetáculo e sempre com enorme sucesso. Até hoje pessoas me param na rua e lembram de como a obra marcou a vida delas.

Como não havia dinheiro para fazer a divulgação do espetáculo, os bailarinos, Marcelo Marchioro então diretor artístico do teatro, o pessoal da produção e o nosso coreógrafo Carlos Trincheiras, fomos até a feirinha do Largo da Ordem, distribuir panfletos.

Ficamos muito felizes, pois na noite da estréia
o teatro estava lotado, e o público enlouqueceu. Tivemos que bisar o final da apresentação.



Ficamos em temporada por 02 meses em São Paulo, dançando de terça a domingo, e nos fins de semana fazíamos apresentações na matinée e noite. Os artistas globais iam nos assistir. Fomos filmados para o programa Fantástico da Globo e éramos chamados para dar entrevistas nos programas da Hebe Camargo e do Sergio Chapelin.
A mãe teve que levar o Gui até São Paulo, porque eu não aguentava de tanta saudade dele.
 A partir daí fizemos inúmeros espetáculos em grandes locais, como Maracanãzinho/RJ, Gigantinho/RS, Ginásio do Anhembi/SP, sempre com lotação esgotada.

Coliseu dos Recreios em Lisboa.
Fomos à Lisboa  e nos apresentamos por cinco dias no Coliseu dos Recreios, com capacidade para mais de 5 mil pessoas. No agradecimento final, jogávamos cravos brancos para a platéia. Inesquecível!!!



Assistam uma parte de O Grande Circo Místico.


Eu fazia dois personagens no espetáculo, a "Beatriz" na primeira parte e a "Margarete" na segunda parte.
Gazeta do Povo
Eramos manchete de jornais, revistas e de programas de TV.

Jornal português

Me divorciei no Rodi, mas continuamos amigos.
Passado um tempo conheci o Wande, Wanderley Lopes, um garoto alegre, com uma história de vida linda e uma energia contagiante. Sempre dizia que nunca me envolveria com um bailarino, mas foi amor a primeira vista.
Chamava-o de "Dedinho do Pé".


Nós com o Gui na praia
 
Gui ano concurso de piano

Sempre incentivei que o Gui aprendesse um instrumento musical, e ele teve por muitos anos aulas de piano com a Profª Maiumi.

Festa Caipira

Festa dos Ídolos
Como o nosso apartamento ficava ao lado do Teatro Guaira eu fazia almoços e lanches para os bailarinos . Adorávamos fazer festas temáticas, e minha familia, sempre participava, com as vestimentas de acordo com os temas das festas. Algumas destas festas foram no apartamento e outras na casa dos meus pais.
Festa da Xuxa


Festa Cafona


Nós na Foto de Ruy Tavares


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