Textos e Poemas
Desde adolescente sempre gostei de escrever textos e poemas que falassem sobre os meus sentimentos, percepções e sensações. Nunca me propus a ser uma escritora, mas sim uma espécie de narradora de momentos e experiências por quais estava passando.
SIMPLES - fev/80
Sou a fonte límpida e fresca
A água inteira e corrente
A planta rica em semente
A terra farta, o milho, o pó
.................................................
VOCÊ - mai/80
Existe você dentro de mim
Esse você dos sonhos
Do tudo e do nada
Você dessa aflição bonita
Dessa tristeza curta
Desses pensamentos soltos
Existe você, esse meu bem comigo
Esse bem disperso e preso
Essa sensação de ganho e perda
De querer ser sempre, e nunca, só sua
É todo um medo de querer se libertar
Toda uma luta de tentar lhe esquecer
Estou viva ao seu lado
Estou amando e querendo morrer
.................................................
QUERER QUEBRADO - out/81
Quero me ver novamente
Sem precedentes
Sem garras, nem dentes
Quero-me solta, Isolda
Forçando-me a ser toda
Redonda
Ah! Como quero-me de volta
Saindo destas borrascas
Cascatas
Pirraças carrascas
Quero-me tanto e demais
Que perco-me muito e fundo
Neste labirinto que a vida me apronta
Busco-me e desejo-me livre
Criança
Balança e gangorra
Sei que já estou no fim da linha
Uma corda que vem me apertar a garganta
Uma dor de querer querendo
Essa minha confusa, profunda e imunda
Cabeça quebrada
....................................................
PRAZER - nov/81
Repetimos....repetimos
Várias vezes os mesmos
Movimentos...movimentos
O esfregar...esfregar
De nossos ouvidos
O roçar...roçar, roçar
De nossos cílios
O tremer do teu lábio, e do meu
Repetimos...repetimos os carinhos
Todas as mil vezes, as mesmas
Escorregadas...escorregadas delirantes
O molhar...o agarrar
De nossas pernas embriagadas
O ardor, furor, suor
De nossos sexos apertados
Na perdição inteira do íntimo
O nosso gemido agudo e longo faz-se
No exato instante em que juntos gozamos
Somos fonte de prazer inesgotável
Porque continuaremos repetindo...repetindo
Ah! o esfregar, o molhar
E o torcer de nossos espíritos
Nesse lento e fecundo amor amante
.............................................................
PAPÉIS DE CARTA - nov/81
Lembranças dos coqueiros na praia
Lembranças dos sorvetes, das conversas
Lembranças do quarto e dos papéis de carta....
.............................................................
SOLIDÃO - jan/82
A chuva fina caindo
O frio nessa praia fluindo
O instante nosso neste momento
Que é tão marcante
E que é também tão ausente
..............................................................
TONS - fev/82
Ao surgir em minha porta
Tu trazes as mesmas emoções
De quando havias entrado em minha vida
Aquela cor de tinta
Em que se pinta
O nosso amor em tons vermelhos
Tu renasces em todas as auroras
É o correr livres mundo afora
Que aponta um só caminho
Aquela estrada que é nua e crua
Em que se joga e em que se sua
O nosso amor em tons de rosa
E tu me envolves
Me dissolves, me comoves
Quando tu me apertas e não me soltas
Aquele modo seu, que agora é meu
Onde se fez para ambos à cada dia
O nosso amor em tons de alma
............................................................
VOU - fev/82
E assim vou eu
Te procurando em todos os caminhos
E assim me vou
Te buscando nos olhos que
Que me vêm serenos
E apertando você em minha vida
Lá vou eu querendo encurtar os dias
Para que nunca deles você saia
Para que jamais nos deixemos
E pra que permaneçamos assim
Como neste instante:
Abraçados...
.............................................................
OUÇA - out/84
Silêncio...
Pois alguém me ouve
Estou soltando minha voz
E meus cabelos...
Negros
Como este vestido
E brancos
Feito minha alma
Silêncio...
Sei que alguém me escuta
Resolvi criar raízes
Apertar todos os meus gestos...
Leves
Como nesta dança
E presos
Como minha vida
Silêncio...
Pode ser que ninguém esteja atento
Aprendi a me ver por dentro
E apreciar meus próprios gritos
Levantei minha bandeira
E sei que estou marcado
Pelos sons, pelas músicas
Pelas valsas, pelos hinos
E, agora?
Silêncio...
Já me tornei o infinito
........................................................
DOIS ANJOS - jan/89
Tenho dois anjos em minha vida
Um, de caracóis dourados
O outro, com cachos de mel
Meus dois anjos possuem
Largos sorrisos
E de mim nunca se soltam
Um, toca cantigas
O outro, ainda canções escuta
Somos inseparáveis
E temos em comum
Somente as nossas vidas
Estamos aos poucos
Fazendo estradas, criando espaços
Crescendo, caminhando
Não temos limites
Só temos asas para voar
.........................................................
CURITIBA - "A METRÓPOLE DAS ARTES"
Sonho sempre com a Curitiba que será, não a de antes de Danton Trevisan, nem a futurista de Wilson Bueno.
Sonho com o que mais me inspira e que mudará para sempre a história curitibana.
A Curitiba programada, terá grandes teatros com espetáculos vindos de todo o planeta, haverá apresentações nas praças, nos parques, nas ruas, nos mercados, nas fábricas, nas escolas, nos bares, nos trens bala, nos pequenos becos e em cada esquina.
Nada será impune à Arte: se ouvirá músicas, sons e textos; se sentirá o cheiro das tintas das telas e do barro das esculturas; se apreciará os corpos dançando e equilibrando nas mãos tomadas por mímicas, pantomimas e malabares; se derramará nas linhas de Machado de Assis e de Helena Kolody; se deliciará com Chaplins, curtas, médias e longas de todo canto deste mundo.
Ah!!!! Sonho em ver crianças, velhos e jovens se alimentando desta fonte eterna das criações e ilusões humanas.
Curitiba...finalmente exportando Arte para as TVs, para os cinemas e para os palcos afora. Finalmente o artista curitibano sendo aclamado, sendo seguido e prestigiado. Nossos ídolos para sempre e eternamente reconhecidos.
Nada mais será com antes, nada.
Creio que tudo mudará, inclusive as nossas tardes frias e chuvosas. Elas terão as cores, os cheiros e as formas de inesquecíveis dias de verão.
Aquele verão em que você se deixa levar, somente pela sensação plena de existir!
.....................................................
PARA QUEM ESTÁ NA DANÇA (texto lido na ocasião da banca para escolher bailarinos para o Balé Guaira em 2020)
- Cuidar da cabeça: tem que ficar atento ao lado psicológico, não pirar com as frustrações da profissão
- Estudar sempre: cursos, faculdades, para abrir oportunidades e para o futuro pós dança
- Ter vida fora do teatro: ir a peças de teatro, museus, concertos de música, exposições, ler muito, para ter bagagem intelectual
- Ter vida afetiva: namorar, ter amigos. "Nascemos gente, nos tornamos bailarinos, mas nos tornamos gente depois"
- Não se isolar: divirtir-se, passear, conhecer lugares e pessoas
- Ter postura como artista e profissional: manter a energia, alegria, inspiração e superação.
- Ter ética no trabalho: com os colegas, ensaiadores, mâitres, diretor, coreógrafos, coordenadores, técnicos, faxineiras, porteiros, etc. Todos estas pessoas são os nossos apoios na nossa carreira
- Ter responsabilidade como artista e como pessoa.
SIMPLES - fev/80
Sou a fonte límpida e fresca
A água inteira e corrente
A planta rica em semente
A terra farta, o milho, o pó
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VOCÊ - mai/80
Existe você dentro de mim
Esse você dos sonhos
Do tudo e do nada
Você dessa aflição bonita
Dessa tristeza curta
Desses pensamentos soltos
Existe você, esse meu bem comigo
Esse bem disperso e preso
Essa sensação de ganho e perda
De querer ser sempre, e nunca, só sua
É todo um medo de querer se libertar
Toda uma luta de tentar lhe esquecer
Estou viva ao seu lado
Estou amando e querendo morrer
.................................................
QUERER QUEBRADO - out/81
Quero me ver novamente
Sem precedentes
Sem garras, nem dentes
Quero-me solta, Isolda
Forçando-me a ser toda
Redonda
Ah! Como quero-me de volta
Saindo destas borrascas
Cascatas
Pirraças carrascas
Quero-me tanto e demais
Que perco-me muito e fundo
Neste labirinto que a vida me apronta
Busco-me e desejo-me livre
Criança
Balança e gangorra
Sei que já estou no fim da linha
Uma corda que vem me apertar a garganta
Uma dor de querer querendo
Essa minha confusa, profunda e imunda
Cabeça quebrada
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PRAZER - nov/81
Repetimos....repetimos
Várias vezes os mesmos
Movimentos...movimentos
O esfregar...esfregar
De nossos ouvidos
O roçar...roçar, roçar
De nossos cílios
O tremer do teu lábio, e do meu
Repetimos...repetimos os carinhos
Todas as mil vezes, as mesmas
Escorregadas...escorregadas delirantes
O molhar...o agarrar
De nossas pernas embriagadas
O ardor, furor, suor
De nossos sexos apertados
Na perdição inteira do íntimo
O nosso gemido agudo e longo faz-se
No exato instante em que juntos gozamos
Somos fonte de prazer inesgotável
Porque continuaremos repetindo...repetindo
Ah! o esfregar, o molhar
E o torcer de nossos espíritos
Nesse lento e fecundo amor amante
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PAPÉIS DE CARTA - nov/81
Lembranças dos coqueiros na praia
Lembranças dos sorvetes, das conversas
Lembranças do quarto e dos papéis de carta....
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SOLIDÃO - jan/82
A chuva fina caindo
O frio nessa praia fluindo
O instante nosso neste momento
Que é tão marcante
E que é também tão ausente
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TONS - fev/82
Ao surgir em minha porta
Tu trazes as mesmas emoções
De quando havias entrado em minha vida
Aquela cor de tinta
Em que se pinta
O nosso amor em tons vermelhos
Tu renasces em todas as auroras
É o correr livres mundo afora
Que aponta um só caminho
Aquela estrada que é nua e crua
Em que se joga e em que se sua
O nosso amor em tons de rosa
E tu me envolves
Me dissolves, me comoves
Quando tu me apertas e não me soltas
Aquele modo seu, que agora é meu
Onde se fez para ambos à cada dia
O nosso amor em tons de alma
............................................................
VOU - fev/82
E assim vou eu
Te procurando em todos os caminhos
E assim me vou
Te buscando nos olhos que
Que me vêm serenos
E apertando você em minha vida
Lá vou eu querendo encurtar os dias
Para que nunca deles você saia
Para que jamais nos deixemos
E pra que permaneçamos assim
Como neste instante:
Abraçados...
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OUÇA - out/84
Silêncio...
Pois alguém me ouve
Estou soltando minha voz
E meus cabelos...
Negros
Como este vestido
E brancos
Feito minha alma
Silêncio...
Sei que alguém me escuta
Resolvi criar raízes
Apertar todos os meus gestos...
Leves
Como nesta dança
E presos
Como minha vida
Silêncio...
Pode ser que ninguém esteja atento
Aprendi a me ver por dentro
E apreciar meus próprios gritos
Levantei minha bandeira
E sei que estou marcado
Pelos sons, pelas músicas
Pelas valsas, pelos hinos
E, agora?
Silêncio...
Já me tornei o infinito
........................................................
DOIS ANJOS - jan/89
Tenho dois anjos em minha vida
Um, de caracóis dourados
O outro, com cachos de mel
Meus dois anjos possuem
Largos sorrisos
E de mim nunca se soltam
Um, toca cantigas
O outro, ainda canções escuta
Somos inseparáveis
E temos em comum
Somente as nossas vidas
Estamos aos poucos
Fazendo estradas, criando espaços
Crescendo, caminhando
Não temos limites
Só temos asas para voar
.........................................................
CURITIBA - "A METRÓPOLE DAS ARTES"
Sonho sempre com a Curitiba que será, não a de antes de Danton Trevisan, nem a futurista de Wilson Bueno.
Sonho com o que mais me inspira e que mudará para sempre a história curitibana.
A Curitiba programada, terá grandes teatros com espetáculos vindos de todo o planeta, haverá apresentações nas praças, nos parques, nas ruas, nos mercados, nas fábricas, nas escolas, nos bares, nos trens bala, nos pequenos becos e em cada esquina.
Nada será impune à Arte: se ouvirá músicas, sons e textos; se sentirá o cheiro das tintas das telas e do barro das esculturas; se apreciará os corpos dançando e equilibrando nas mãos tomadas por mímicas, pantomimas e malabares; se derramará nas linhas de Machado de Assis e de Helena Kolody; se deliciará com Chaplins, curtas, médias e longas de todo canto deste mundo.
Ah!!!! Sonho em ver crianças, velhos e jovens se alimentando desta fonte eterna das criações e ilusões humanas.
Curitiba...finalmente exportando Arte para as TVs, para os cinemas e para os palcos afora. Finalmente o artista curitibano sendo aclamado, sendo seguido e prestigiado. Nossos ídolos para sempre e eternamente reconhecidos.
Nada mais será com antes, nada.
Creio que tudo mudará, inclusive as nossas tardes frias e chuvosas. Elas terão as cores, os cheiros e as formas de inesquecíveis dias de verão.
Aquele verão em que você se deixa levar, somente pela sensação plena de existir!
.....................................................
PARA QUEM ESTÁ NA DANÇA (texto lido na ocasião da banca para escolher bailarinos para o Balé Guaira em 2020)
- Cuidar da cabeça: tem que ficar atento ao lado psicológico, não pirar com as frustrações da profissão
- Estudar sempre: cursos, faculdades, para abrir oportunidades e para o futuro pós dança
- Ter vida fora do teatro: ir a peças de teatro, museus, concertos de música, exposições, ler muito, para ter bagagem intelectual
- Ter vida afetiva: namorar, ter amigos. "Nascemos gente, nos tornamos bailarinos, mas nos tornamos gente depois"
- Não se isolar: divirtir-se, passear, conhecer lugares e pessoas
- Ter postura como artista e profissional: manter a energia, alegria, inspiração e superação.
- Ter ética no trabalho: com os colegas, ensaiadores, mâitres, diretor, coreógrafos, coordenadores, técnicos, faxineiras, porteiros, etc. Todos estas pessoas são os nossos apoios na nossa carreira
- Ter responsabilidade como artista e como pessoa.
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